sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

OS BORDADOS DA ILHA DA MADEIRA

Os bordados madeirenses são demorados e realizados em várias etapas. Empregam vários pontos como caseado, cavaca, arrendados, oficial, bastidor, cordão, pé de flor, francês, de sombra, o ponto ilhós, a folha aberta e o ponto de remendo ou cerzido. Mas os trabalhos mais bonitos e os que mais impressionam são aqueles em que o PONTO RICHELIEU é empregado.



Os trabalhos com esse ponto assemelham-se a uma renda. E pode ser empregado na peça toda e ou em forma de barrados. Esse ponto faz parte dos pontos abertos do bordado e possui uma técnica especial e muita habilidade das bordadeiras.

Ninguém sabe ao certo quando, onde ou quem o inventou por falta de documentos que comprovem sua origem. Supõe-se que tenha surgido na Itália, entre os séculos XIV e XVI, portanto, na Idade Média, muito provavelmente, no período da Renascença.

Talvez vocês estejam se questionando: - Como um ponto de nome francês pode ter surgido na Itália? Ou, não poderia esse ponto ter um nome italiano em vez de um nome francês? Também fiz essas mesmas questões.

Porém, ao pesquisar sobre a origem desse ponto, só encontrei suposições. A falta de registros escritos, muito comum na época, deixam dúvidas e permitem especulações. Mas, encontrei uma história que, sendo verdade ou não, permite uma explicação razoável. Então vamos a ela:

Em Paris (França), nasceu, viveu e morreu o nobre chamado Armand Jean du Plessis. Seu título de nobreza era Duque de Richelieu e de Fronsac. Muito cedo entrou para o Clero. Foi padre, bispo e, bem mais tarde, cardeal da Igreja Católica. Quem não conhece o Cardeal Richelieu, o famoso vilão dos filmes dos Três Mosqueteiros? Isto porque por ser Cardeal era político também, sendo ele quem planejou e incentivou Luís XIII a instituir o absolutismo na França, como conta a história nos livros e na escola.


Pois bem, deixando a política de lado, foquemos no cardeal. E como tal, era sua função visitar, de tempos em tempos, os conventos e seminários. Numa dessas visitas, o Cardeal Richelieu viu algumas freiras ensinando as mulheres da localidade a bordar para que conseguissem algum dinheiro para sobreviver. Era um bordado muito bonito, delicado e trabalhoso e o Cardeal pediu que as freiras enfeitassem uma de suas mitras (espécie de chapéu usado por bispos, arcebispos e cardeais) com esse bordado.


Voltando da visita, usa a mitra enfeitada ao rezar uma missa na Catedral de Paris, para a nobreza francesa. O bordado da mitra chama a atenção das aristocratas. Em outras visitas a conventos próximos a Paris, o Cardeal Richelieu pede às freiras para criarem oficinas para ensinarem esse ponto às mulheres da nobreza. Em pouco, todos os castelos estavam enfeitados com peças bordadas com esse ponto. Logo depois, as casas dos mais abastados da sociedade também eram decoradas com peças semelhantes. E em poucas décadas, as peças bordadas em ponto richelieu ganharam o símbolo de nobreza e status de opulência.

Ao pedirem uma peça bordada diziam: - com esse ponto o ponto do Richelieu. Dessa forma, o nome ficou, como uma homenagem a chamar esse ponto de “richelieu”, como uma homenagem ao Cardeal por ter sido seu maior divulgador.

Em pouco tempo, o ponto richelieu foi migrando de um lugar para outro por toda a Europa até chegar à Ilha da Madeira.

RICHELIEU... que ponto é esse?

O ponto richelieu é um caseado miúdo e como os pontos são bem juntos uns dos outros,  parecem um cordão. Esse trabalho é feito em 3 etapas:

1ª etapa: faz-se as brides (ligações) entre os motivos. Essas brides são como alças formadas sobre o tecido e presas no tecido apenas encontros dos motivos. Depois, volta-se a caseá-los um a um até o termino do trabalho.

2ª etapa: bordam-se todos os motivos maiores com esse caseado. Ex: flores, folhas ou outros. O avesso do trabalho deve ser perfeito, ou seja, sem nós ou linhas emaranhadas visíveis. 

3ª etapa: o recorte de todo o tecido em volta dos motivos e por baixo das brides para dar a impressão de renda. O caseado permite que o tecido desfie na etapa do recorte.

O ponto richelieu é lindo sempre, mas principalmente, quando bordado é feito na mesma cor do tecido.

Vamos aprender como se faz com a avó Rosária?



Agora que você já sabe como fazer este ponto, pode fazer lindos trabalhos. Então, mãos a obra.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

O BORDADO MAIS FAMOSO DO MUNDO

Dentre todos os bordados, um faz sucesso no mundo inteiro. Esse bordado famoso faz parte da cultura do povo da principal ilha do Arquipélago Madeira, situado no oceano Atlântico, a sudoeste de Portugal. Descoberto no século XV, na época das grandes navegações, esse arquipélago só foi anexado a Europa bem mais tarde, como parte do território português.

Esta é a Ilha da Madeira, cuja capital é Funchal.

A história dos bordados da Ilha da Madeira conta com mais de 150 anos. Esse bordado famoso não é originário da Ilha, mas trazido da Inglaterra pela família Phelps que, em 1784, decidiu fincar suas raízes no lugar.


Segundo a história local, em 1854, Elisabeth, a filha primogênita de Mr. Phelps, fundou uma escola de bordado em sua própria casa, para ensinar mulheres e crianças da região. Elisabeth havia trazido de seu país desenhos originais e com o tempo, foi criando novos desenhos. A venda da produção que faziam na própria localidade, a renda era dividida entre as bordadeiras ajudando-as a melhorar suas condições de vida. Turistas chegavam e se encantavam com os bordados. Aos poucos, os bordados madeirenses foram ganhando o mundo. Mas a grande chave para se estabelecer como o mais famoso do mundo ocorreu em 1860, quando as bordadeiras receberam o convite para participarem com seu trabalho numa exposição londrina, a “International World Trade Exhibition”. A delicadeza e a qualidade dos bordados e a riqueza de detalhes dos motivos das peças impressionaram, encantaram e conquistaram o mundo.


Logo começaram a exportar para a Inglaterra e e no século XIX, para a Alemanha. No início do século XX, a lista de exportações aumentou: Itália, França, Cingapura, Holanda EUA, países da América do Sul (entre eles, o Brasil) e a Austrália tornaram-se grandes consumidores desse bordado. 

Os trabalhos eram e são realizados em tecidos de linho, algodão e seda. Os realizados em organdi e outros tecidos passaram a ser bordados mais recentemente. 


As peças bordadas eram empregadas na decoração da casa como toalhas de mesa, colchas, lençóis, fronhas, almofadas, cortinas etc, e no vestuário, aplicados em vestidos, blusas, camisas e lenços delicadíssimos.

 



Só uma pequena mostra dos trabalhos da Ilha da Madeira.




Com as grandes invenções tecnológicas, ao redor do mundo os bordados ganharam industrialização. E com ela, apesar de serem bem mais rápidos de serem feitos, fez com que os consumidores os deixassem de lado. Admiravam, mas não compravam como faziam antigamente. Em contrapartida, os trabalhos da Ilha da Madeira nunca perderam a qualidade. E para não serem confundidos com imitações, cada peça que sai da Ilha leva um selo de garantia da origem.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

BORDADO DE PONTOS ABERTOS

Os bordados de pontos abertos são feitos em tecidos especiais, conhecidos como tecidos de fios contáveis, como étamine linho, rayon, cânhamo, percal, juta com tramas grossas ou finas. Ficam muito bonitos quando bordados em tecido xadrez.

As linhas e a agulha usadas nestes tecidos devem ser condizentes com o tipo de trama tecido escolhido.

Vamos conhecer alguns desses pontos?

BORDADO NEGRO ou BLACK WORK


Veja alguns trabalhos prontos:

 




BORDADO OU PONTO ESPANHOL


Conheça alguns trabalhos feitos com este ponto.


PONTO HARDANGER OU DE BLOCOS


Assista este outro vídeo e aprenda novo ponto (o cerzido) que completa o ponto anterior.

Vejam que lindos estes trabalhos!






BORDANDO EM TECIDO XADREZ é fácil e rápido! O ponto é muito simples e pode ser usado com muitas variações. pode ser usado em barras de toalhas e panos de prato, toalhas de mesa, colchas, e para enfeites de camisas, blusas e saias.


Vejam que lindo estas peças ficaram!



 




Até a próxima postagem com mais novidades