quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

A MODA ALTERNATIVA DO FINAL DO SÉCULO XIX

Embora a moda alternativa tenha se tornado aceita pela sociedade na década final do século, ela começa bem antes, mais ou menos na metade dele.


Como em outras épocas patriarcais, as mulheres nasciam com uma única função: a procriação. E para isso eram educadas. Segundo essa maneira de encarar as mulheres, não necessitavam estudo. Aprendiam a cuidar das tarefas domésticas e dos filhos. Eram totalmente dependentes da vontade dos pais e, posteriormente, maridos.  Eram consideradas muito frágeis e eram tratadas como bibelôs e viviam na sombra dos maridos.

Em todas as épocas e em todos os lugares do mundo, sempre existiram mulheres corajosas que lutavam para conseguir um espaço na sociedade além de serem mães e esposas. E aquelas que teimosamente insistiam em não seguirem o padrão vigente e lutarem por direitos na sociedade eram severamente criticadas e mal-entendidas em suas justificativas.

No início da era industrial, algumas poucas mulheres, corajosamente decidiram trabalhar fora de casa, outras queriam permanecer solteiras (o que significava que não precisavam dos homens para sustentá-las) e mudar o modo de se vestirem e praticar esportes.

Para que seus trabalhos fossem realizados, algumas abandonaram as saias e vestidos cheios de babados e drapeados por roupas mais simples, confortáveis e práticas, como por exemplo o uso de calças. E foram chamadas de “feministas”.


Uma dessas mulheres foi Amélia Bloomer, uma jornalista e editora de moda feminina ne que 1850 queria mudar a moral da sociedade americana com relação a forma das mulheres trabalhadoras do campo ou das fábricas se vestirem. Amélia foi a primeira mulher a usar uma calça volumosa (tipo turcas) embaixo de uma saia mais curta, como forma de protesto. 
   
trajes alternativos usados por Amélia Bloomer

Amélia não queria criar uma moda, mas mostrar que era possível as mulheres terem uma nova alternativa de vestuário. Outras mulheres que partilhavam a mesma ideia também ousaram e arrumaram uma tremenda confusão por chamarem atenção.

Naquele tempo, o uso de calças era exclusivo dos homens. E o fato de mulheres estarem usando-as, chamava a atenção de todos e provocava a irritação, não só dos homens que passaram a tratá-las com discriminação, olhares grosseiros e atitudes agressivas, mas também das mulheres de sua época e de todas as classes sociais que revoltadas, passaram a chamá-las de desavergonhadas, revoltantes, repugnantes, por outros adjetivos pouco elogiosos e por serem hostilizadas e assediadas social e moralmente. A pressão foi tanta e o medo de serem agredidas fisicamente fez com que passassem a usar somente em casa, em grupos fechados ou nas zonas rurais.

comparação do traje alternativo com o que se usava em 1880


Em 1880, esta roupa volta novamente. Mas agora, usada pelas mulheres artistas e escritoras como protesto contra a desumanização provocada pela era industrial. Entre outros protestos estavam a “falsa naturalidade” na aparência dos corpos femininos causados pelos espartilhos e outros truques da moda e a crítica contra o ócio dos aristocratas.

Em 1890, surge no mundo esportivo uma nova modalidade: o ciclismo. 

As mulheres das elites se encantam pelas bicicletas e querem praticar o novo esporte. Mas com as roupas que usavam ficava impraticável. Precisavam de um traje especial, mais leve e prático que liberasse os movimentos para que pudessem pedalar. E passam a usar as calças tão criticadas nas décadas anteriores.



Mesmo com roupas femininas, os detalhes mostravam algo de masculino: os coletes, a gravata, o chapéu de palha.



E a moda sofre novo rebuliço. A maioria da população, embora aplaudissem o uso das calças, não podiam não podiam praticar esse esporte pelo alto custo das bicicletas. Mas aos poucos, o uso das calças pela maioria das mulheres foi acontecendo.

O ciclismo trouxe muitas mudanças. Não só na maneira como as pessoas viam as mulheres com trajes alternativos e firmando essas novas formas de vestir, mas trouxe também a emancipação das mulheres, que passam a agir mais de acordo com sua vontade e sem a crítica social. A educação feminina também evoluiu. As mulheres, agora, podiam estudar, trabalhar e usar calças livremente. Mas ainda sentiam a necessidade de serem representadas socialmente.

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