sábado, 31 de dezembro de 2016

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

A MODA ALTERNATIVA DO FINAL DO SÉCULO XIX

Embora a moda alternativa tenha se tornado aceita pela sociedade na década final do século, ela começa bem antes, mais ou menos na metade dele.


Como em outras épocas patriarcais, as mulheres nasciam com uma única função: a procriação. E para isso eram educadas. Segundo essa maneira de encarar as mulheres, não necessitavam estudo. Aprendiam a cuidar das tarefas domésticas e dos filhos. Eram totalmente dependentes da vontade dos pais e, posteriormente, maridos.  Eram consideradas muito frágeis e eram tratadas como bibelôs e viviam na sombra dos maridos.

Em todas as épocas e em todos os lugares do mundo, sempre existiram mulheres corajosas que lutavam para conseguir um espaço na sociedade além de serem mães e esposas. E aquelas que teimosamente insistiam em não seguirem o padrão vigente e lutarem por direitos na sociedade eram severamente criticadas e mal-entendidas em suas justificativas.

No início da era industrial, algumas poucas mulheres, corajosamente decidiram trabalhar fora de casa, outras queriam permanecer solteiras (o que significava que não precisavam dos homens para sustentá-las) e mudar o modo de se vestirem e praticar esportes.

Para que seus trabalhos fossem realizados, algumas abandonaram as saias e vestidos cheios de babados e drapeados por roupas mais simples, confortáveis e práticas, como por exemplo o uso de calças. E foram chamadas de “feministas”.


Uma dessas mulheres foi Amélia Bloomer, uma jornalista e editora de moda feminina ne que 1850 queria mudar a moral da sociedade americana com relação a forma das mulheres trabalhadoras do campo ou das fábricas se vestirem. Amélia foi a primeira mulher a usar uma calça volumosa (tipo turcas) embaixo de uma saia mais curta, como forma de protesto. 
   
trajes alternativos usados por Amélia Bloomer

Amélia não queria criar uma moda, mas mostrar que era possível as mulheres terem uma nova alternativa de vestuário. Outras mulheres que partilhavam a mesma ideia também ousaram e arrumaram uma tremenda confusão por chamarem atenção.

Naquele tempo, o uso de calças era exclusivo dos homens. E o fato de mulheres estarem usando-as, chamava a atenção de todos e provocava a irritação, não só dos homens que passaram a tratá-las com discriminação, olhares grosseiros e atitudes agressivas, mas também das mulheres de sua época e de todas as classes sociais que revoltadas, passaram a chamá-las de desavergonhadas, revoltantes, repugnantes, por outros adjetivos pouco elogiosos e por serem hostilizadas e assediadas social e moralmente. A pressão foi tanta e o medo de serem agredidas fisicamente fez com que passassem a usar somente em casa, em grupos fechados ou nas zonas rurais.

comparação do traje alternativo com o que se usava em 1880


Em 1880, esta roupa volta novamente. Mas agora, usada pelas mulheres artistas e escritoras como protesto contra a desumanização provocada pela era industrial. Entre outros protestos estavam a “falsa naturalidade” na aparência dos corpos femininos causados pelos espartilhos e outros truques da moda e a crítica contra o ócio dos aristocratas.

Em 1890, surge no mundo esportivo uma nova modalidade: o ciclismo. 

As mulheres das elites se encantam pelas bicicletas e querem praticar o novo esporte. Mas com as roupas que usavam ficava impraticável. Precisavam de um traje especial, mais leve e prático que liberasse os movimentos para que pudessem pedalar. E passam a usar as calças tão criticadas nas décadas anteriores.



Mesmo com roupas femininas, os detalhes mostravam algo de masculino: os coletes, a gravata, o chapéu de palha.



E a moda sofre novo rebuliço. A maioria da população, embora aplaudissem o uso das calças, não podiam não podiam praticar esse esporte pelo alto custo das bicicletas. Mas aos poucos, o uso das calças pela maioria das mulheres foi acontecendo.

O ciclismo trouxe muitas mudanças. Não só na maneira como as pessoas viam as mulheres com trajes alternativos e firmando essas novas formas de vestir, mas trouxe também a emancipação das mulheres, que passam a agir mais de acordo com sua vontade e sem a crítica social. A educação feminina também evoluiu. As mulheres, agora, podiam estudar, trabalhar e usar calças livremente. Mas ainda sentiam a necessidade de serem representadas socialmente.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

A MODA NO FINAL DO SÉCULO XIX


A história da moda é incrível e admirável. Primeiro, pela criatividade que sempre apresentou. Segundo, usa o passado como ponto de referência. Essa volta ao passado tem início nos tempos da Revolução Francesa, quando a vida econômica da França estava em frangalhos. E de lá para cá, de tempos em tempos, percebemos que a moda se vale de alguma coisa do passado. Nos anos finais do século XVIII, não foi diferente.

Nos anos de 1870 a 1880, a elite francesa resolveu trazer de volta aquelas armações de arame usadas na era rococó e que eram usadas lateralmente pelas mulheres da corte, porém sem tantos exageros. Surgem daí as anquinhas (bustle). Como inovação, essas armações eram usadas na parte de trás e amarradas na frente e com drapeados traseiros ou como cauda. Este tipo de vestimenta podia ser usado de dia ou á noite.
bustles laterais

Estes vestidos tinham mangas longas para o dia e decotes discretos para o dia e sem mangas e decotes mais ousados para a noite, com o uso de luvas de cano longo. Os cabelos eram presos em forma de coque e com pequenos chapéus para o dia. 

Para a noite, os cabelos permaneciam presos e formavam cachos que caíam sobre as costas, imitando a cauda do vestido e ombros, enfeitados por flores.


DE 1880 A 1890

As inovações foram: as mangas mantinham-se longas, mas não justas aos braços. Ganhavam também leve franzido próximo aos ombros. As cores eram vibrantes e a mistura de dois tipos diferentes de tecido era a inovação. Os vestidos para a noite ganharam babados e drapeados como enfeites. Os babados e os drapeados foram a marca dessa época.

Os trajes noturnos eram realizados em tecidos mais pesados, como o veludo, os gorgorões e o linho. Tinham a cintura no lugar e caiam em linha reta até os quadris e depois ia abrindo para dar o formato de trombetas para as saias. Uma espécie de casaquinho (do mesmo tecido da saia) com a parte de traz mais longa e caída (abertos ou fechados) sobre a anquinha foi outra inovação. Os cabelos continuavam compridos, presos em coques, onde eram presos os pequenos chapéus.


Os trajes diurnos eram bem diferentes e lembravam as vestes das deusas da Grécia Antiga. Eram bem soltos, cintura alta, decotes amplos, feitos com tecidos mais leves e fluídos que caiam em linha reta. As mangas curtas ou longas e mantinham o franzido nos ombros. Eram chamados de “vestidos artísticos” ou “vestidos do chá” usados também para passar o dia com a família e para receber visitas informais. Os cabelos mantinham os cachos e os coques e aboliram o uso do “bustle” (anquinhas).
Mas, nem todo mundo gostava dessa moda. 


Os homens eram os primeiros a não gostar e a tecer críticas, especialmente dos intelectuais e dos boêmios. Haviam muitas mulheres que se recusavam a usá-las. Gostavam dos vestidos mais soltos, decotes sem exageros, mais leves e naturais feitos em algodão e crepes. Abominavam os espartilhos e anquinhas e achavam que eles davam um ar rígido e antinatural. Preferiam, portanto, uma linha mais medieval. Mas, por discordarem, eram criticadas e sofriam com o preconceito.

De 1890 a 1900.

É a época em que as anquinhas foram totalmente abolidas. Mas a principal marca desta década foram os exageros e ostentação. Os babados continuavam na moda, e tinham todos os tamanhos, de todos os tecidos e rendas largas e estreitas, e misturados numa única roupa. Mas o top da moda desta época eram as rendas.
 



Os trajes diurnos tinham blusas com gola alta contornada por babados finos de renda e feitos com tecidos mais leves. As saias tomaram um formato de sino, caindo lisas e retas da cintura a barra. Do decote caiam babados de renda largas e levemente franzidas.

Durante o dia, vestidos de estilo semelhantes eram confeccionados com tecidos mais leves, como crepes, cassas (tecido mais transparente feito de fibras de algodão ou linho), algodão e sedas. O tradicional coque nos cabelos, usado com pequenos chapéus ornamentados com flores.

 



Os trajes noturnos eram confeccionados com tecidos mais pesados, como o veludo, gorgorões ou chamalotes (um tecido com fibras de lã ou pêlo de animais misturadas com fios de seda). Nos meses quentes usavam tecidos de linho, sedas e tafetás. Os espartilhos, numa versão renovada, além de afinarem o corpo e dar uma aparência de “S”, permitiam maior mobilidade aos movimentos. Os enfeites como penas, pérolas, plissados, rufos, bordados, lantejoulas ou a mistura deles numa única peça, para enfeitá-los. Incluem-se ainda as luvas, leques bem grandes e joias coloridas que não podiam ser esquecidos, pois não era de bom tom. Os cabelos para a noite eram presos em forma de coques com cachos adornados com flores.


A MODA MASCULINA


No início da década de 1880, a moda dos dândis ainda imperava. Mas aos poucos foi mudando e ficando mais formal. Passaram a usar ternos de tecidos e cores variados e de acordo com a ocasião. Mais coloridos durante o dia e as cores mais sóbrias, para as noites.


Em 1890, as camisa tinham golas altas e engomadas, terminadas com babadinhos de rendas bem finas e levemente franzida. O exagero estava na mistura de tecidos, babados e rufos. Por cima da camisa usavam um colete abotoado e, sobre este, o paletó feito com tecido grosso. As calças tinham as pernas mais retas, mas não muito largas. Para o traje noturno não podiam faltar o casaco (robe de chambre, se estivesse frio), a cartolas e a bengala.

Para os trajes diurnos, o mesmo estilo com cores mais vibrantes e com xadrez ou o famoso risca de giz. A cartola e a bengala podiam ser usadas ou não durante o dia.