domingo, 13 de novembro de 2016

A MODA ROMÂNTICA


No começo do século XIX, as artes plásticas, a literatura, o teatro, a música, a escultura e a arquitetura apresentavam uma tendência nostálgica. O tema de suas obras era o mundo fantasioso das fadas, seres alados, reis e rainhas, deuses e deusas mitológicos, fantasmas e valentes heróis. Porém, essa tendência fica mais forte após a estreia da peça teatral “Henrique VIII e Sua Corte”, de Alexandre Dumas.
A partir de então, os rapazes passaram a querer serem cavaleiros ou corsários. Já as moças, a querer ficarem parecidas com as donzelas da época medieval, mas ao mesmo tempo, que trouxessem uma sensualidade velada. 

A Era Medieval era vista como uma era romântica e que provocava fortíssimos sentimentos e emoções, era requintada e clássica. E usaram tudo isso como expressão através da moda. Escolheram um estilo que lhes fosse inspirador: o estilo elisabetano. As mudanças começaram tímidas, com pequenas mudanças num ou em outro detalhe. Mas, próximo a 1820, as mudanças aconteceram com maior frequência.

A MODA FEMININA


Como donzelas, as moças queriam ser meigas, delicadas, sonhadoras, contemplativas e frágeis. E vem dessa vontade de serem donzelas que surge a ideia de que as mulheres são o “sexo frágil”. Deveriam ser habilidosas e prendadas no serviço doméstico, mas não precisavam trabalhar nisso porque a ociosidade feminina aumentava o status do marido. Mas, mesmo não sendo as tais donzelas, as vestes ajudavam a dar essa impressão.

Os vestidos tinham cintura alta, mais ou menos entre o busto e a cintura natural. Os vestidos podiam ser em cores claras ou vibrantes, ter estampas de florais, listas delicadas ou o xadrez (dos tecidos dos ingleses). Por cima, um colete bicudo.

Os vestidos mais fechados e discretos eram usados durante o dia. Já os usados à noite, em festas, eram mais decotados e deixavam os ombros à mostra. Estes podiam ser enfeitados com broches, colares, brincos, camafeus e pedrarias, mas sempre muito delicados. Algumas moças os usavam também nos cabelos para enfeitá-los.

As mangas eram bufantes e armadas, eram presas com fitas. Algumas levavam por cima outra maior, de tecido fino ou transparente. As saias eram volumosas, armadas com várias anáguas com muitos babados e laços, longas até o final do tornozelo deixando os pés visíveis. Os sapatos não tinham salto e combinavam com os vestidos.

Completavam o traje o leque, o xale e os mantôs. No inverno usavam casacos longos, capas e pelerines. Os chapéus voltaram a ser enormes. Durante o dia usavam uma sombrinha para se protegerem do sol ou simplesmente carregavam-na fechada para dar o toque final.


Algumas moças desejavam ter a pele morena e serem ardentes como as espanholas. Outras preferiam que a pele branca (uma brancura cadavérica). Comiam pouco para manter a silhueta e a cintura bem fina. O pior que poderia acontecer a uma moça dessa época era parecer bem alimentada e forte. As roupas e os chapéus eram pesados.  O espartilho mal permitia a respiração. O fato era que as moças se cansavam muito facilmente. O legal era aparentar fragilidade e ter a aparência doentia.  

Os vestidos muito decotados e usados à noite, as expunha ao rigoroso inverno europeu, o que também aumentavam as chances de contraírem a tuberculose.

Por volta de 1836, essa moda começou a definhar. O interesse agora eram as mocinhas cavaleiras ou caçadoras, cujos corpos eram mais robustos e as roupas mais masculinizadas. O desejo do momento era viver a vida, curtir as aventuras e terem mais experiências.

MODA MASCULINA


O estilo dândi continua com pequenas modificações. Os rapazes passaram a apreciar uma silhueta mais delgada com cintura fina com ombros mais largos. Este tipo de silhueta agradava aos rapazes das classes mais abastadas porque ajudavam a promover seu status.

No início as mudanças ocorreram com pequenos detalhes. Os coletes deixaram de ser pontudos e passaram a ser quadrados. Ganhavam duas fileiras de botões ou zíper para fechá-los. Por outro lado, eram mais apertados na cintura.

As calças ficaram mais estreitas e mais longas (até os tornozelos). Os casacos receberam ombreiras para tornar os ombros mais largos e retos.  

A capa foi substituída pelo “sobretudo”, um casaco mais longo e mais grosso e usado no inverno. A bengala era indispensável.

Os cabelos tornaram-se mais curtos. Apareceram as costeletas, os bigodes e os cavanhaques mais pontudos, como a lembrar a figura de Otelo, de Shakespeare. Sobre a cabeça, todos os homens usavam a cartola. Mas esta tinha um novo formato. Era larga nas extremidades e mais fina no centro, dando uma aparência de meia lua. Eram mais altas que o normal. E nenhum homem que se presasse deixava de usá-las.

Muito parecido com a época anterior, não é mesmo? Menos por pequenos detalhes: queriam se parecer com uma figura diabólica. Corria um pensamento na época de que homens de testa larga eram mais inteligentes e genialidade de ideias. Por isso, raspavam os cabelos próximos a testa para dar essa impressão.

Depilavam as sobrancelhas arqueando-as para dar um aspecto de ferocidade. Aparavam os bigodes para torcê-los e virá-los para cima. Deixavam crescer a barba (cavanhaque) em forma de ponta à moda da figura de Satanás. Habitavam em lugares escuros e sombrios como tumba e desejavam que os sons, ali produzidos, ecoassem como numa catedral ou num castelo vazio.

Também desejavam ter a pele azeitonada como os mouros, magros e nervosos. Treinavam olhares selvagens,  maquiavélicos e perversos ao mesmo tempo em que queria parecer apaixonados e desiludidos com um triste destino de paixões e morte. Por isso, queriam parecer maus, poderosos e mostrar certa gentileza e bondade em ocasiões propícias e raras, como se pertencessem a um mundo diferente do real. E, quando não conseguiam, fumavam certos alucinógicos que os deixavam com um olhar mais distante e mais frígido. 


Mas, apesar disto tudo, não abriam mão da distinção, a marca desse modismo. Assim, os dândis verdadeiros (nos moldes da época anterior) iam virando coisa do passado e tornando-se raros.