segunda-feira, 27 de julho de 2015

FILMES COLORIZADOS

Lá se vão pouco mais de um século entre o cinema mudo e o cinema de hoje. Muita coisa mudou desse transcorrer do tempo. Desses filmes e das experiências que foram feitas a humanidade tirou algumas lições.

Filme "VIAGEM A LUA" colorizado manualmente

Em 1910, surgiram os primeiros filmes colorizados. Mas, dependiam de uma atividade manual, maçante, entediante e demorada. Eram feitas quadro a quadro, cena a cena, com pincéis minúsculos e finíssimos e com lentes de aumento.

Para que esse trabalho fosse realizado em tempo hábil era preciso contratar uma equipe de coloristas (na maioria, mulheres). Cada colorista ficava responsável por uma cor. Dessa maneira, a equipe toda era responsável por trabalhar no filme inteiro. Embora tentassem manter a uniformidade da cor para garantir uma atmosfera de naturalidade e para ressaltar o imaginário do filme, esse trabalho nem sempre atingia este objetivo.
Coloristas em seu trabalho

No início, os primeiros filmes colorizados chamavam a atenção do público que reagia com espanto e admiração. Mas, aos poucos, ele se desinteressou. E somando-se o custo natural das filmagens e da colorização, o salário dos atores e dos coloristas, as produções se tornavam cada vez mais dispendiosas. E com a falta de público, não tinham como cobrir essas despesas. Por isso, esta atividade foi abandonada na prática. Mas do sonho, nunca desistiram. Digamos que deram um tempo.

Diante do “insucesso” da colorização, os filmes sonoros continuaram a ser rodados em preto e branco por várias décadas. Havia um pensamento comuns entre os responsáveis pelas indústrias cinematográficas de que “o colorido não era para o cinema”. Paralelamente, as pesquisas continuavam.

Colorização por tingimento

E nova tentativa de colorização de filmes foi realizada na década de 1950. Desta vez, utilizaram uma técnica que foi chamada de TINGIMENTO. O tingimento é a técnica em que se aplica uma única cor para o quadro todo. Nessa técnica mergulha-se a película inteira numa cor escolhida. Assim o filme inteiro (partes claras e escuras) fica na cor desejada. Uma outra experiência conhecida com o nome de VIRAGEM, consistia em fazer com que as partes escuras ficassem coloridas e a claras continuassem claras.

  

Coloração por viragem    

Esses processos foram utilizados de formas diferentes e não havia um padrão estabelecido que regulamentasse o uso da cor e do seu significado. Assim, alguns filmes pareciam muito realistas quando o vermelho era usado, por exemplo, para cenas de incêndio, o amarelo para dias ensolarados e o azul para cenas noturnas. Em outros casos, o público não entendia, por exemplo o uso do verde para uma região desértica, ou um lilás para a cena de uma festa. Assim, também não obtiveram bons resultados.

Cena de "Cantando na Chuva" na colorização de tingimento

Em 1953, a inovação dos filmes é o sistema Cinemascope. Embora nunca deixassem de buscar a naturalidade das cores, sempre havia alguma imperfeição, fosse na captação, variações excesso da luz (muito branca), exposição a ela mais demorada ou mais rápida, uma sombra inesperada, uma imagem tremida.

Cena do filme "PARA SEMPRE ALICE", em cinemascope

Não demorou muito para que a indústria cinematográfica e os admiradores de cinema descobrissem que a cor (em excesso ou na sua falta) influenciava a maneira de contar a história de um filme. As cores, o figurino, a fotografia e o trabalho dos atores são partes integrantes da narrativa. Descobriram também que, se não estavam conseguindo atingir seu objetivo, é porque estavam diante de uma limitação técnica. E para contornar a situação, lançaram mão da colorização manual para corrigir as imperfeiçoes, enquanto alguém não encontrasse um modo de fazer isso com mais rapidez e com menos custos.

Na década de 1960, as televisões já eram bastante populares em várias partes do mundo, mas também transmitiam (shows, entrevistas, noticiários, novelas e filmes) em preto e branco. E as grandes emissoras também queriam transmitir suas programações em cores. E a princípio também usaram a coloração de filmes na forma manual, mas era muito demorado. Tentaram também o tingimento e a viragem. Mas não ficou muito legal e desistiram.

Cena do filme "LA DOLCE VITA" colorizado por computador na Tv

Nessa mesma década, os computadores começaram a ficar mais acessíveis. Mas, só em 1980 é que as emissoras de televisão resolveram tentar a colorização de filmes via computador para ganhar tempo e evitar altos custos. O colorista capturava uma cena do filme por vez no computador para que pudesse visualizar bem. Os filmes em preto e branco já continham muitas informações sobre luz e sombra. Assim o colorista só pintava no computador algumas partes da cena (objetos, roupas, alguns acessórios) selecionadas previamente. O restante, era o computador quem preenchia. O resultado era duvidoso e também não agradou. Os tons eram fortes demais e durante a exibição do filme as cores vibravam. Se o personagem andava, a roupa parecia perseguir o personagem. Ficava realmente muito feio.

Cena do filme "ORAÇÕES PARA BOBBY" colorizado
 por computadores superpotentes.

Nos anos de 1990, a tecnologia avançou ainda mais. Os computadores cada vez mais aperfeiçoados, ganharam grande poder de processamento e armazenamento de dados. Ganharam também softwares complexos, monitores de vídeo com calibração ajustável, dispositivos de controle e entrada de dados o que facilitou, cada vez mais, a correção das cores e pequenos defeitos de captação de imagens. Hoje em dia, televisões e indústrias cinematográficas se valem de computadores para corrigir pequenas imperfeições de filmagem. Tudo ficou mais fácil.

terça-feira, 14 de julho de 2015

O CINEMA NA ERA DA COR

Embora os filmes sonoros causassem frisson no início e uma grande polêmica posteriormente, há quem achasse que os filmes também deveriam ser coloridos já que a intenção era refletir a realidade. E a realidade é, sem dúvida, colorida.

                                                   filme mudo "VIAGEM À LUA" pintado a mão

Durante o cinema mudo já haviam experiências com filmes coloridos. Era uma trabalheira danada porque era preciso colorir manualmente foto a foto. No entanto as experiências dessa época eram mais por curiosidade em saber como ficariam.

A partir de 1906, outra novidade estava para causar novo frisson e nova polêmica. Uns “doidinhos” inventaram um sistema em duas cores e que ficou conhecido com o nome de “Technicolor”. Mas, a experiência não deu muito certo, o público se decepcionou com a novidade e as tentativas foram deixadas de lado.

Cartaz do filme "VAIDADE e BELEZA" rodado em Technicolor de 2 cores.

Por outro lado, as indústrias cinematográficas, fosse por questões financeiras, por idealismo estético ou por acreditarem que “não se mexe naquilo está dando certo” e, continuaram investindo nos filmes em preto e branco. Por sinal, investiram em grandes produções e excelentes temas.

Uma ideia boa, mesmo que tenha uma experiência desastrosa, nunca morre. Há sempre algumas que acreditam nela e investem pesado em pesquisas até encontrarem uma resposta favorável. E foi o que aconteceu com o tal sistema TECHNICOLOR. Foram levantados os problemas, estudadas as soluções, reformulado integralmente e por volta de 1933 estava agora totalmente reformulado. Tinha agora um sistema de três cores comercializáveis e que podiam se misturar formando inúmeras tonalidades bem próximas ao real. O filme “VAIDADE E BELEZA” (1935), do diretor Rouben Mamoulian foi a primeira experiência deste novo sistema em algumas cenas. Na década de 1950, o filme "O LADRÃO DE BAGDAD", do diretor Michael Powell, foi o primeiro a ser totalmente rodado em Thecnicolor.

 


 
cenas do filme "O LADRÃO DE BAGDÁ" - Technicolor de 3 cores.

Embora ainda enfrentassem a tese defendida por alguns diretores (Frank Capra foi um deles) de que a cor denegria a arte cinematográfica. Mas o público gostou e aprovou o novo sistema.

Em 1953, um novo sistema foi experimentado: o CINEMASCOPE. Este novo sistema veio revolucionar tudo o que se sabia sobre a cor nos filmes. O sistema cinemascope usava apenas uma câmera de filmagem, um projetor e um filme padrão de 35 milímetros. A imagem tinha um formato comprimido no sentido horizontal e se descomprimia por meio de lentes especiais (anamóficas) durante a projeção, o que permitia que as imagens se adaptassem a todos os outros sistemas. O primeiro filme rodado integralmente neste sistema foi “O MANTO SAGRADO”, do diretor Henry Koster e cujo protagonista foi Victor Mature. Este filme foi indicado ao “OSCAR” de 1953 e em três categorias diferentes.



cenas do filme "O MANTO SAGRADO" - cinemascope

O cinema colorido tornava-se, finalmente, uma realidade. E chegou em grande estilo e com uma grande produção. Tempos depois as indústrias cinematográficas estavam rendidas ao sistema de cores em suas filmagens, totalmente integradas ao novo sistema, não só pelas facilidades que se lhes apresentavam, mas também pelas exigências do mercado cinematográfico.

Após a Segunda Guerra Mundial, a popularização da televisão veio trazer um novo desafio para as indústrias cinematográficas. E como resposta ao novo desafio elas aumentaram as telas de projeção e melhoraram e muito seus espetáculos.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

UM CINEMA MAIS CRIATIVO


Como já vimos, os filmes sonoros produziram um tremendo alarido, mas continuava a causar surpresa para quem os assistia. Com a chegada do som, abriam-se novas portas para a diversidade de gêneros. Além de algumas comédias, nasceram grandes musicais. E da união desses dois gêneros surgia um terceiro: as comédias musicais.

Cena de "OS DEZ MANDAMENTOS" 
dirigida por Cecil B.DeMille, em 1923

Na década de 1930, o cinema experimenta novos gêneros: os filmes bíblicos. “Os Dez Mandamentos”, rodado em 1923, agora reapresentado na versão sonora foi um sucesso de público e de bilheteria.

 
                    Edward G. Robinson                                                   Humphrey Bogart

Os filmes de Gangsters começam a ser rodados em 1931, bem na época da lei seca nos EUA, e influenciados pelo expressionismo europeu, tornam-se bastante populares. Os principais filmes foram: ”Little Caesar” e “The Public Enemy”. O ator mais famoso da época foi HUMPHREY BOGART.

Os gêneros de ficção, como “Drácula” e “Frankenstein” existentes desde o cinema mudo, ganham vida nova ao receberem o som, em 1931. Os principais astros deste gênero foram BELA LUGOSI e BORIS KARLOFF.

                   Boris Karloff                                                          Bela Lugosi

Em 1932, outro filme bíblico, “Rei dos Reis”, com novo record de público e de bilheteria.
                             Cena do filme "Rei dos Reis" produzido por Cecil B. DeMille

Inovar era a tônica das indústrias cinematográficas. E não mediam esforços para isso. Mas inovar tinha lá o seu preço, pois as grandes produções e as novas tecnologias ficavam cada vez mais caras.

Os filmes de duplo sentido (inocentes a primeira vista, mas com conotações sexuais) surgem em 1933 em “She Done Him Wrong”, escrito e protagonizado por MAE WEST, uma bela atriz de teatro e do cinema.


No mesmo ano surgem as comedias anárquicas, aquelas cujo enredo não fazem nenhum sentido. Uma dessas comédias contava a história dos Irmãos Marx.
Em 1934, é rodado o primeiro filme histórico sonoro. “Cleópatra” foi uma grande produção e com sucesso mundial.


Em 1936, estreia no cinema brasileiro, a cantora luso-brasileira Carmem Miranda com o filme “Alô, Alô Carnaval”...




 ...e Cantinflas, no cinema mexicano.


 Em 1939, dois filmes tornam-se os maiores filmes de todos os tempos. São eles:  

                                             “O Maravilhoso Mágico de Oz”

“Gone With the Wind” (cuja tradução é 
E o vento levou).

Mas, além do som é claro, qual seria o segredo de tanto sucesso? Seria o enredo? A fotografia do filme? A imensidão de atores que participavam das grandes produções?

Sim, tudo isto fazia grande sucesso. Mas, o grande segredo mesmo, era a preocupação das companhias cinematográficas em fazer os atores brilhar, explorando a beleza e o grande talento que lhes era inerente. São os astros e estrelas do cinema como: Humphrey Bogart,

 
                                           Katharina Hepburn                          Bette Davis

                                          Joan Crawford                                    Clarck Gable

 que com talento e carisma levavam o público a lotar as salas de exibição.

As companhias cinematográficas queriam que o público acreditasse que a personalidade dos personagens eram a dos atores na vida real. E isto durou por décadas.