sexta-feira, 25 de julho de 2014

A MÚSICA POPULAR


A música popular (ou pop) é um gênero acessível e apreciado por inúmeras pessoas. Difere da música erudita ou clássica por não ter tanta elaboração, nem ser tão formal. Difere também da música folclórica, por não se prender a músicas tradicionais de uma região ou de um povo. Mas, com certeza, tem raízes esses tipos, nas músicas religiosas e misturadas com as conquistas das de vanguarda.

A música pop (ou popular) difere de um país para outro. Mas, isto não impede que sejam conhecidas em outros países ou no mundo todo.

No século XIX, os músicos ainda viajavam pelo mundo divulgando seu trabalho para o maior número de pessoas possível.

 Já no século XX, com as primeiras gravações em discos e o advento do rádio tornou essa tarefa bem mais fácil. Milhares de pessoas podiam ouvir músicas sem ter que ir a um evento público ou a um teatro. As músicas chegavam á casa das pessoas



Mais tarde, os avanços tecnológicos do cinema e da televisão propiciaram uma divulgação maior, fato que levou alguns ritmos a uma popularidade internacional. Alguns ficaram bastante conhecidos, como por exemplo, o samba e a bossa-nova (do Brasil), o rock e o country, o rap, o blues e o jazz (dos EUA), o reggae (da Jamaica), a salsa (de Cuba e da Colômbia).




As músicas internacionalmente conhecidas e apreciadas fazem parte de um grupo seleto que ficou conhecido como “word music” ou “música do mundo”.


Ao contrário das músicas eruditas, religiosas e folclóricas, as populares são efêmeras. Fazem sucesso por um tempo limitado e, depois, desaparecem para ceder lugar a outras mais novas. No entanto, é possível perceber que algumas delas se perpetuaram pelo tempo afora e ainda são apreciadas como antigamente.

Nos anos finais do século XX e iniciais do século XXI a Internet veio modificar ainda mais o cenário musical. Agora, milhões de pessoas podem ouvir música em qualquer lugar: na rua, nos transportes públicos (desde que tenha fones de ouvido) ou em qualquer outro lugar, com acessos pelo celular. A internet também colaborou para que a música popular tenha se tornado uma fonte de negócios altamente rentáveis.

Mas, todo este avanço também trouxe consequências. Os lucros fizeram com que as gravadoras de discos selecionassem para gravar as músicas de maior apelo comercial e sem preocuparem com a qualidade das letras. Esta atitude fez com que a população consumisse uma música de qualidade duvidosa.


Por outro lado, a facilidade proporcionada pela internet e os lucros ligados ás atividades musicais alimentam sonhos. A esperança de uma vida tranquila financeiramente faz com que muitas pessoas se julguem talentosas e postem nas redes sociais, verdadeiras “aberrações musicais e vocais”. E, em meio a esse mar de porcarias, ainda encontramos pessoas verdadeiramente talentosas.

Outra consequência é a mudança do conceito de sucesso. Antigamente, ouvia-se uma música e se apreciava a letra, o ritmo e a melodia. Só então se comprava o disco (LP) ou o CD. A quantidade de vendagem de LPS ou de CDs determinava o sucesso dessa música.

Nos dias de hoje, o sucesso é medido pelo número de visualizações nas diferentes redes sociais. As postagens que recebem milhões de acessos chamam a atenção e são consideradas bem sucedidas. Mas, nada garante que as pessoas apreciaram a música ali exposta. Por isso, muita gente faz “sucesso” sem merecer. 

domingo, 13 de julho de 2014

A MÚSICA ELETRÔNICA

Nas primeiras décadas do século XX, a música de vanguarda e, em especial a música concreta, vivia uma fase de prosperidade criativa. O inusitado e a variedade dessas experiências sonoras despertavam interesse.


Os sons que destinados a realizar interferências nas músicas podiam se puros (ou seja, não precisavam combinar com a harmonia melódica e da tonalidade); impuros (exatamente como eram produzidos) ou os chamados “sons brancos” (como um somatório de sons com boas possibilidades sonoras e que passavam a fazer parte da melodia).

Toda essa experiência era muito cara e levava muito tempo porque tudo era feito manualmente. Por outro lado, exigia que o compositor (ou músico) fosse suficientemente hábil para tocar e manipular os instrumentos. Outro grande entrave era que as novas aparelhagens exigiam um ambiente especial. Mas, a liberdade que tinham para criar e experimentar fazia com que tudo valesse a pena.

 theremin ondes martenot

trautonium

Na Alemanha (1930) surgem os primórdios dos instrumentos eletrônicos. O “theremin”, o “ondes martenot” e o “trautonium” trouxeram maiores facilidades e maior liberdade para experimentar e explorar os sons além de ampliar o poder criativo acenando com novas e imensas possibilidades. Porém, não durou por muito tempo.


Em 1940, os governos da Itália, da Rússia e da própria Alemanha passaram a interferir, controlando e coibindo os experimentos. Afirmavam que os vanguardistas faziam uma “arte degenerada”, tal qual aberrações artísticas. Muitos compositores foram presos e castigados severamente. Principalmente, os de origem judia, que foram acusados de serem “bolchevistas”.

De modo geral, os compositores e artistas de outros seguimentos artísticos (pintura, escultura, arquitetura, literatura etc) ficaram impedidos de trabalhar ou de expor seus trabalhos anteriores. Muitos deles foram perseguidos, banidos ou presos e viram suas obras queimadas em praças públicas.


Esses governos desejavam que as artes em geral voltassem ao modelo clássico tradicional. Aliados politicamente, esses países viviam um momento de euforia nacionalista apoiados pelo sonho de uma raça e uma cultura superior, uma das loucuras de Hittler. Por isso, somente eram permitidas e divulgadas as composições que falassem dos feitos heroicos e dos valores cívicos dessas nações. Podiam ser tonais, alegres ou ritmadas, mas deviam ter forte apelo nacionalista, pois se preparavam para a eclosão da II Guerra Mundial, que aconteceu nos anos finais da década.

E, diante da pressão governamental, todas as formas de arte tiveram um retrocesso. Alguns compositores conseguiram fugir da Europa durante antes e durante os tempos de guerra. Mas, muitos acabaram presos e mortos nos campos de concentração.

Quando a guerra acabou, os compositores vanguardistas retomaram suas experiências. Recolheram os “cacos” do que havia sobrado de seus registros. Foram tempos difíceis. Porém, o que foi ruim, também trouxe muitas mudanças para as artes em geral.


Na década de 50, os vanguardistas reconheceram que os experimentos anteriores eram primitivos e que tudo já estava ultrapassado. Durante os tempos de guerra, novas tecnologias foram desenvolvidas e que podiam ser aproveitadas. Surge assim, novas e imensas possibilidades através dos sons eletrônicos.

Os novos compositores abraçaram as novas ideias. Aperfeiçoaram e diversificaram os aparelhos eletrônicos possibilitando inovações nas experiências sonoras. Os aparelhos tornaram-se mais acessíveis, mais leves e fáceis de transportar, já não precisavam de tantos aparatos ou de ambientes especiais. Tornavam também o trabalho mais simples. O que era feito manualmente, agora podia ser bem mais rápido: coisa de poucos minutos.


Os vanguardistas da música eletrônica perceberam que o público também havia mudado. Não se interessavam mais pelo inusitado dos instrumentos, mas pelo resultado final do trabalho, ou seja, da obra em si.


Nas décadas seguintes, os vanguardistas encontraram um campo aberto para suas experimentações. E a música concreta avançou fecunda e criativa. É verdade que nem todas foram sucesso e que algumas foram consideradas “verdadeiras transgressões musicais”. Mas, fazem parte dos avanços.

terça-feira, 1 de julho de 2014

MÚSICA CONCRETA


No século XX, a vida era bem diferente do que é hoje. Comunicação lenta e demorada, transporte igualmente lento. Apesar da agitação causada pela industrialização, a vida era calma. E mesmo acontecia com as artes.

Naquela época, a maior preocupação dos compositores era a afinação. Uma afinação baseada numa escala de notas (dó, ré e mi) que eram repetidas sempre na mesma altura ou com pouquíssima variação de sonoridade ou da relação entre elas.


Alguns compositores estavam cansados dessa “coisa morna e sem graça”. A princípio começaram a misturar essas notas entre si (dó + ré; ré + mi; mi + dó). Porém, em outras alturas. Mas, ainda assim, queriam mais. Muito mais.

Passaram a reparar e estudar os sons produzidos por uma porção de objetos que nada tinham a ver com instrumentos musicais. Foram experimentados dos objetos caseiros até os objetos do ambiente, como o som da chuva, do trovão, da água que escorria da torneira ou da cachoeira, do farfalhar das folhas das árvores ao vento, o som da vassoura ao varrer, o ruído das ruas, das máquinas no trabalho industrial, etc. E tentavam reproduzi-los com os instrumentos a sua disposição.


O título de “música concreta” foi dado pelo compositor e estudioso Pierre Schaeffer (1840 em diante), por causa dos objetos que estudava. Schaeffer gravava esses sons numa fita magnética e depois os misturava ou punha um sobre o outro e tornava a gravar. Não haviam notas musicais ou partituras em que pudesse se basear. Era um trabalho artesanal, misturados de forma bem rudimentar, mas que, com o passar do tempo, recebeu o nome de “samples” e, atualmente, chamamos de “mixagem”.


Em 1913, o italiano Luigi Russalo foi outro compositor inconformado com o marasmo da música. Russalo criou o que chamou de “orgia do barulho” (orgie de bruits). Esse barulho era produzido por objetos de diferentes tipos e os colocava em suas músicas. Naturalmente, foi um escândalo. Mas, Stravinski e Edgar Varese acharam essa interferência bastante interessante e se propuseram a “organizar” a barulheira, incluindo-os como instrumentos de percussão.

                          Luigi Russalo

Por volta dos anos de 1920 a 1930, Cage usou instrumentos musicais conhecidos, mas preparados de um jeito nada comum. Cage colocou em seu piano uma série de objetos entre e sobre as cordas para produzir uma interferência no som.
Cage
Cage também estudou o silêncio, ou seja, a ausência de som. Conta-se que numa apresentação, Cage mexia as mãos como se tocasse uma música. Porém, durante mais de 4 minutos, ninguém da plateia ouviu uma nota sequer. Cage queria com isso, que o público interpretasse por si só essa ausência sonora. Outro escândalo e foi acusado de produzir a “anti-música”.

Cage preparando seu piano e a partitura

Compositores e músicos ousados e criativos mergulharam na atonalidade, no silêncio e na própria música em seus estudos e experimentos. Mas, essas experimentações não era uma questão de experimentar simplesmente por experimentar. Tinham um propósito e uma preocupação.

Como propósito, a descoberta de novas relações na escala musical e tonal criando assim uma nova linguagem musical. Como preocupação: a razão, a ordem, a estrutura, a proporção e o equilíbrio da própria música porque queriam que suas obras fossem bem compreendidas.

O século XX ficou conhecido como o “século das comunicações” por causa do avanço tecnológico. Com o surgimento do rádio, do fonógrafo, do cinema e das novas e mais modernas indústrias de instrumentos musicais foi possível fazer com que a música fosse ouvida por todos. Ricos e pobres tinham a mesma oportunidade do ouvir e gostar de música.

Choques entre vanguardistas e conservadores ainda existe nos dias de hoje. Mas, vamos convir que toda mudança causa estranheza e incomoda um bocado para os acomodados. E devem ter sido terríveis para os dois lados.