segunda-feira, 19 de maio de 2014

TANGO: UMA PAIXÃO MUNDIAL

No final do século XIX, na Argentina, desponta um novo ritmo musical que encantou o mundo. Nasceu como uma forma de expressão folclórica e tornou-se popular entre habitantes do subúrbio de Buenos Aires.


Naquela época, o tango era mais uma mistura de ritmos e de formas musicais já conhecidos na Europa e trazidos pela imigração italiana e espanhola que habitavam os pampas. Contam os historiadores que que havia uma certa influência da “Habanera” cubana e do tango espanhol.

Contam ainda que, o candombe (um tipo de batuque) dos negros (na maioria, fugitivos do Brasil que se esconderam de seus algozes na região) e formaram uma população crioula que fez parte da formação do povo argentino.

Com relação ao tango, durante muito tempo houve um segredo guardado a sete chaves. Um segredo desvendado e resgatado por Norberto Pablo Círio, antropólogo de profissão. Círio se intrigara com o fato de haverem músicos negros em todos os conjuntos de tango. Por isso, resolveu investigar e estudar a fundo o motivo dessa forte presença. 


Durante a investigação, Círio visitou inúmeras comunidades negras argentinas, entrevistou muitos negros e seus descendentes, viu fotos, observou partituras do século XIX e descobriu partituras originais e inéditas dessa época. Ouviu discos de tangos mais modernos e analisou o candombe. E, por fim, concluiu que a música, o baile e o carnaval tem sua origem na cultura e tradição dos afro-argentinos.

Na sua fase inicial, o tango era apenas uma diversão da população crioula e pobre. Por isso, era apenas tocado e dançado com passos improvisados. Mais tarde, as letras foram sendo introduzidas. Haviam letras oficiais registradas nas partituras. Porém, numa forma de brincadeira, o povo passou a fazer paródias das mais conhecidas. A maioria das paródias eram de humor, mas outras, tinham um cunho mais apimentado.

Na dança, os pares eram formados por homens. Isto porque os pares mistos (homens e mulheres) eram considerados obscenos e impróprios. Por isso, a dança do tango foi parar nos bordéis e ali ficou restrita por muito tempo.


Na era da industrialização, o governo argentino decidiu instalar suas fábricas nos arredores de Buenos Aires, local onde habitavam a população pobre e os bordéis. Sem terem para onde ir, instalaram-se no centro da capital argentina.

A vida dessa gente não era fácil. Talvez, para amenizar a situação, passaram a incluir letras nos tangos. Letras que falavam de suas dificuldades e das atividades dos bordéis. Estas, muito mais apimentadas e violentas.


No início do século XX, por volta de 1910, o tango chega a Paris. Ninguém sabe ao certo como isto aconteceu. Mas na época, Paris vivia intensamente as artes e a sociedade queria novidades. E quanto mais fossem exóticas, mais gostavam e aplaudiam. Dessa maneira, o tango virou a sensação do momento. E o que era sensação em Paris, era sucesso no restante do mundo. Grupos moralistas condenavam essa nova sensação ferrenhamente, classificando-a como imoral. Os próprios argentinos a desprezavam também. E só começaram a tolerar após o sucesso de Paris e, mesmo assim, com algumas restrições.
Em 1917, o tango ganha um novo formato: o tango-canção. Agora sim, as letras eram compostas especialmente para determinadas melodias e vice-versa. E com a chegada do tango-canção passam a surgir os primeiros cantores de tango. 
O primeiro cantor conhecido foi Pascoal Contursi. E o primeiro tango famoso foi “MI NOCHE TRISTE”, uma canção chamada "Lita" que ganhou letra e mudou de nome.
Carlos Gardel
Na década de 1920, os luxuosos cabarés de Buenos Aires o tango era tocado por músicos profissionais e cantada pelos cantores de renome no país. Um deles, foi Carlos Gardel. Seu sucesso foi enorme, tanto que ficou conhecido mundialmente. Gardel reunia grandes plateias, por isso, deve-se a ele a popularização do tango.  Porém, em 1935, no auge de sua carreira, Gardel morre vítima de num acidente aéreo.
Na década de 1940, o tango atinge o auge de popularidade. As letras eram mais líricas e sentimentais. Tinham temas mais amenos que os anteriores e agora falavam do céu, da chuva, da garoa, do amor perdido, do abandono da mulher amada e das dores causadas por esses rompimentos amorosos, compostos por poetas da mais alta competência e formação cultural.

Na década seguinte, Astor Piazzolla, influenciado por Bach, Stravinsky e pelo Cool Jazz, rompe com a forma anterior e inova o tango, que passa a ser executado com muito mais profissionalismo musical.
Astor Piazzolla
É ainda nessa década, que o Rock’Roll se espalha pelo mundo e a população jovem se rende ao novo ritmo. Por causa disso, surge uma lei argentina que obriga que o tango seja tocado diariamente nas rádios de todo o país. Lei que mais tarde foi revogada.

Com o grande interesse da juventude pelo Rock’Roll e por outros ritmos, as gravadoras perdem o interesse no tango. A produção de novos tangos decai e aos poucos, desaparece do cenário artístico. A Argentina tenta a retomada do tango como um produto artístico nacional fazendo com que se apresente em peças teatrais e cinematográficas. Enquanto isso, o mundo ainda reverencia o tango como dança, sendo parte integrante de todos os famosos concursos de danças de salão.

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