quinta-feira, 13 de março de 2014

A VALSA

MÚSICA MODERNA E O MUNDO (II)


A valsa tem uma história bastante interessante e curiosa. Ao pesquisá-la nos deparamos com duas versões. A primeira é a de que surgiu por volta de 1559 como uma dança campestre no sudeste da França e muito próxima da Itália. Era uma dança folclórica e que tinha o nome de “Volte”

Coincidência ou não, na Itália também havia uma dança folclórica chamada “La Volta”, com um ritmo rápido e andamento bastante parecido com a dança francesa em que os participantes dançavam aos pares e giravam inúmeras vezes durante a apresentação. Por serem folclóricas e por fazer parte da cultura local era muito popular. Porém, desconhecida no restante do mundo.

No século XVI, essa dança foi levada para os salões das cortes francesa e inglesa. Na Inglaterra, recebeu o nome de “cinq pas”, isto é, os giros eram dados em cinco passos. Para isso, o cavalheiro ficava frente a frente com sua parceira e segurava mão direita dela e colocando-a o mais próximo.de seu ombro. Com a outra mão, segurava as costas da parceira. A parceira. por sua vez, ficava com uma mão presa pelas mãos do parceiro e com a outra segurava a saia para que não tropeçasse nela enquanto dançava.

O líder do par formado era o cavalheiro. Sua função era guiar a parceira nos giros realizados ora de um lado, ora do outro. Durante os giros, a parceira apoiava sua coxa nas coxas do parceiro, o que facilitava a guia. Dançavam tão juntinhos que seus rostos pareciam se tocar.

O comportamento social da época era muito rígido e puritano. O único toque permitido entre os parceiros de uma dança era o toque da ponta dos dedos. E assim mesmo, o cavalheiro devia ter um lenço na mão para evitar o contato direto. Por isso, a dança recém-chegada fez um estardalhaço. Imaginem a dama tendo que encostar sua coxa na coxa do parceiro para manter o equilíbrio durante os giros e segurando a saia e mostrando um pedacinho do seu tornozelo. Imaginem o cavalheiro segurando a mão toda da parceira, encostando-a em seu ombro e a outra mão nas costas dela. Um escândalo!

E como tudo que abala os costumes, a valsa foi considerada uma dança indecente, vulgar e imprópria aos grandes salões. Tanto que o rei francês, Louis XIII, entre os anos de 1610 e 1613, a proibiu em todo o reino afirmando ser imprópria para as famílias de bem.

A segunda versão baseia-se em registros escritos do século XVI.citam esses registros que, por volta de 1770, havia na região da Bavária, Boêmia, Tyrol e Styria, (hoje Alemanha e Áustria) uma dança folclórica de nome “Walzer” e que também era popular apenas nessa região. Na dança, o cavalheiro se ajoelhava e a parceira girava ao seu redor.

Qual dessas versões é a verdadeira, ninguém sabe. Mas, as coincidências de tempo, ritmo e dança são gritantes entre elas. O importante é que durante muito tempo essas danças foram desconhecidas e quando apareceram causaram muita polêmica e foram banidas por serem consideradas indecentes, desordeiras e indiscretas

Como música, era apreciada por todos. Tanto que grandes compositores passaram a estudá-la e compô-las. Logicamente, cada compositor fez uma modificação aqui e ali para torná-la mais melodiosa, mais suave e mais bela. No entanto, enquanto dança, continuava rejeitada.

Segundo as literaturas sobre o assunto, o marco divisório entre o repúdio e a aceitação aconteceu durante a apresentação de uma ópera: a “Una Cosa Rara” realizada por Martin y Soler, em 1786.

No segundo ato dessa ópera, o autor havia composto uma valsa que era dançada por vários casais ao mesmo tempo. Era uma dança em que os participantes se distanciavam uma pouco mais, embora os giros e rodopios se mantivessem como característica principal. O que agradou uma parcela da platéia, enquanto outra parte manteve suas reservas e fazia suas críticas.

Em 1780, a valsa chega aos salões vienenses e se espalha por toda a Europa. Na Inglaterra, na França e na América as críticas eram intensas e publicavam-se livretos contendo regras comportamentais e de vestuário- “adequado”. Tentavam eliminar o excesso de imoralidade contida na dança.

Foi nessa época que alguns Imperadores, príncipes, princesas e vários nobre europeus foram flagrados dançando valsa com naturalidade, em clubes e festas palacianas. Foi a gota que faltava para derrubar o preconceito. A partir daí, a valsa foi perdendo seu status de profana e ganhando o título de “bela”. E em pouco tempo, a valsa se tornava conhecida e popular pelo mundo afora.

Assista ao vídeo e perceba todas as influências descritas aqui e
 as novas aplicações que o mundo moderno e contemporâneo 
tem dado a ela

Muitas valsas foram compostas a partir de então. Tantas e tão variadas que, muitas vezes, sentimos uma ponta de dúvida em afirmar se o que ouvimos é ou não uma valsa. Rápidas ou lentas, vibrantes ou suaves, fortes ou leves, tradicionais ou com características regionais são alguns dos inúmeros estilos que a valsa adquiriu ao longo do tempo. Mas, ninguém nega que melodia e modo de dançar são interessantes, fascinantes, elegantes e belíssimos. 

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