O
conflito de ideias separou o discípulo do mestre. Um rompimento tumultuado, com
mágoas dos dois lados. Mas, Jung não se furtou a novas pesquisas.
Ampliou
suas observações sobre os complexos e sobre a associação de palavras e a
reformulou, criando a Psicologia Analítica.
Estudou
profundamente sobre como o inconsciente se expressa utilizando a técnica dos
sonhos e de desenhos de seus pacientes. Observou que os sonhos tinham grandes
semelhanças com os temas culturais ou mitológicos universais, e que seus
pacientes desconheciam. Isto o intrigava e o estimulava a pesquisar ainda mais.
Ampliou
suas pesquisas sobre o inconsciente e descobre o inconsciente coletivo e o
inconsciente pessoal. Descobre que o inconsciente pessoal é constituído pelo
material reprimido e pelos complexos (como dizia Freud), e que no inconsciente
coletivo estão as nossas tendências, imagens e símbolos que constelam
sentimentos universais (arquétipos) e de atitudes inatas e primitivas (instintos)
e que são comuns a toda a humanidade.
Outro
tema importante nos estudos de Jung foram os “tipos psicológicos”, baseando-se
nas personalidades de Freud e Adler (também discípulo do primeiro), além da sua
própria personalidade. Com isto pode delinear os tipos “extrovertido” e
“introvertido”. A partir daí, observou que haviam variações entre esses tipos e
que algumas pessoas eram levadas mais pelos sentimentos, outras pela razão e
outros ainda pela intuição. Escreve e publica um livro sobre esse tema, em 1921.
A
Alquimia e a magia despertam seu interesse e pesquisa sobre isso. E na década
de 40 publica dos livros: Psicologia e Alquimia (1940) e O Eu e o Inconsciente
(1944).
Após o rompimento com
Freud, Carl G Jung passou a ser muito criticado e suas obras vistas com desconfiança. Em entrevistas a jornalistas e para a comunidade científica da época,
Freud afirmava continuamente que Jung usara suas ideias e as modificava. Vejam
um trecho de uma afirmação de Freud sobre isso:
"Aquilo de que os suíços tinham tanto orgulho nada mais era do que
uma modificação da teoria psicanalítica, obtida rejeitando o fator da
sexualidade. Confesso que, desde o início, entendi esse 'progresso' como
adequação excessiva às exigências da atualidade".
Jung não negava a importância da
sexualidade na vida psíquica descoberta por Freud, mas acreditava que não era
apenas isso que influenciava a vida psíquica. Vejam o que Jung respondeu sobre
essa acusação:
"... embora Freud sustente obstinadamente que eu a negue, procurava
estabelecer limites para a desenfreada terminologia sobre o sexo, que vicia
todas as discussões sobre o psiquismo humano, e situar, então, a sexualidade em
seu lugar mais adequado. O senso comum voltará sempre ao fato de que a
sexualidade humana é apenas uma pulsão ligada aos instintos bio-fisiológicos e
é apenas uma das funções psico-fisiológicas, embora, sem dúvida, muitíssimo
importante e de grande alcance".
Jung morreu em 6 de junho de
1961, em sua casa à beira do lago de Zurique, em Küsnacht. Após uma vida longa
e produtiva, contribuiu para o avanço da antropologia, da sociologia, da
própria psicologia, na psicoterapia e na psiquiatria modernas.
Após Jung, ninguém mais pesquisou
sobre o inconsciente, pelo menos de forma tão intensa quanto ele, nem se fez
descobertas tão significativas quanto as dele.