sábado, 26 de maio de 2012

A CONSOLIDADORA DA ARTE-TERAPIA NO BRASIL

Em 15 de fevereiro de 1905, na cidade de Maceió, Estado de Alagoas, nasceu a menina Nise, filha do diretor e jornalista do “Jornal de Alagoas”. 
Nise da Silveira, aos 14 anos

Na juventude, cursou a Faculdade de Medicina da Bahia de 1921 a 1826. Era a única mulher de uma turma de 157 homens. Após a formatura casa-se com Mário Magalhães da Silveira, colega de faculdade e médico sanitarista. Em 1927, com a morte do pai, Nise muda-se para o Rio de Janeiro onde engajam-se no meio literário e artístico. Aos 27 anos, é aprovada num concurso para psiquiatria. Em 1933, faz estágio na clínica neurológica de Antônio Austregésilo e no mesmo ano, começa a trabalhar no Serviço de Assistência para Psicopatas e Profilaxia Mental do Hospital da Praia Vermelha (RJ).
Nesse hospital, uma enfermeira a denuncia como comunista porque possuía alguns livros marxistas. Nise ficou presa por 18 meses, em 1936. Foi no presídio que conheceu Graciliano Ramos, tornando-se uma das personagens do livro “Memórias do Cárcere”.
Nise da Silveira, aos 28 anos
Após sua saída da prisão, Nise e o marido viveram na clandestinidade por 8 anos. Durante esse estuda Spinozza, e escreve o livro “Cartas a Spinozza”, publicado somente em 1995.
Em 1944, volta ao serviço público, trabalhando no "Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II", no Engenho de Dentro (RJ), onde luta contra as agressivas técnicas psiquiátricas que aplicavam eletrochoque nos pacientes. Por discordar e recusar-se a utiliza-las, Nise é transferida para um trabalho menor (considerado na época) como o de terapia ocupacional.
Nise da Silveira, aos 45 anos
Naquela época, como terapia ocupacional, entendia-se que era o trabalho de faxina e manutenção exercido pelos internos. Nise reformula esse trabalho, criando atelîes de pintura e modelagem, com a intenção de proporcionar aos internos, a possibilidade reatar os vínculos com o real através das expressões artísticas e simbólicas da criatividade. E com esta atitude e os resultados obtidos revoluciona a Psiquiatria do país.
Em 1952, cria no Rio de Janeiro, o Museu de Imagens Inconscientes, um centro de estudos e pesquisas para uma compreensão mais aprofundada do universo interior dos esquizofrênicos. Dentre os artistas (pacientes) que tem suas obras nesse Museu, destacamos: Adelina Gomes, Carlos Pertuis, Emygdio de Barros e Octávio Inácio.
 
imagens do acervo do Museu de Imagens do Inconsciente
Com um acervo, grande e valioso, Nise escreve o livro “imagens do Inconsciente”, que foi transformado mais tarde em filmes e exposições, como as da Mostra Brasil 500 anos e na Bienal de Arte.
Em 1952, Nise desenvolve outro trabalho revolucionário, criando a Casa das Palmeiras, uma clínica de reabilitação  para antigos internos das instituições psiquiátricas, quando então, podiam expressar livremente sua criatividade. O tratamento com arte e a livre escolha do paciente de voltar à clinica, modificava a rotina hospitalar e os reintegrava á vida comum na sociedade.
Alguns dos pacientes levavam seus animais de estimação na terapia na Casa das Palmeiras.  Nise, sempre atenta, percebeu a importância dos animais na vida dos pacientes, Convicta de que poderiam ser grandes aliados na reabilitação de seus pacientes, Nise incorporou-os em seu trabalho, denominando-os de co-terapeutas. Assim, Nise se tornou a pioneira das relações entre pacientes e animais, melhorando com o convívio com os animais, o trato e a responsabilidade com as pessoas. Essa experiência foi transformada no livro “Gatos”, publicado em 1998.
Em 1954, Nise escreve uma carta a Carl Gustav Jung e conta sobre seu trabalho. Surge daí, uma profunda amizade e intensa troca de correpondências e informações que ela passa a usar em seu trabalho, divulgando a psicologia junguiana no Brasil.
mandala
A compreensão das  mandalas que apareciam constantemente nos trabalhos de seus pacientes se deve a orientação de Jung. Este, também a estimulou a apresentar uma mostra intitulada de "A Arte e a Esquizofrenia" no "II Congresso Internacional de Psiquiatria", realizado em 1957,em Zurique, mostra esta que ocupou cinco salas.
Nise e Jung
Ao visitar a mostra, Jung a orienta a estudar a mitologia grega, como ponto importante para a compreensão dos trabalhos dos pacientes. Ainda em 1957, Nise vai para o "Instituto Carl Gustav Jung" para realizar estudos, tornando-se assistente de Jung.
De volta ao Brasil, em 1959 e cria o "Grupo de Estudos Carl Gustav Jung”, que presidiu até 1968, onde começa a difundir as idèias da Psicologia Analítica.
De 1961 a 1962, Nise retoma seus estudos no "Instituto Carl Gustav Jung", mas desta vez, estuda com Marie-Louise von Franz, com a supervisão de Jung. No Brasil, após seu retorno, escreve o livro "Jung: vida e obra", editado e publicado em 1968.
Nise da Silveira foi a fundadora da Sociedade Internacional de Expressão Psicopatológica ("Societé Internationale de Psychopathologie de l'Expression"), com sede em Paris.
Escreveu vários roteiros para filmes, documentários e audiovisuais, apresentou inúmeras mostras, ministrou cursos, foi palestrante em inúmeros simpósios e conferências, escreveu inúmeros artigos  e livros sobre sua experiência com Terapia Ocupacional e sobre as imagens do inconsciente.
Nise da Silveira, aos 72 anos 
Seu trabalho foi e é reconhecido internacionalmente, ganhou várias prêmios, títulos e condecorações. Seu trabalho produziu como efeito mudanças no trato dos pacientes, a criação de museus e terapias similares no mundo todo e por todo o Brasil.
Nise da Silveira, aos 94 anos
Em 30 de outubro de 1999, o mundo perdeu uma grande psiquiatra e uma grande mulher. O  "Centro Psiquiátrico Nacional" do Rio de Janeiro resolveu homenageá-la mudando seu nome para "Instituto Municipal Nise da Silveira".

Fonte:
www. wikipédia.com.Br


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