terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

ARTE E LOUCURA

HISTÓRIA DA ARTE=-TERAPIA (PARTE 2)

Não foi o virtuosismo das obras de arte que despertou o interesse dos estudiosos que, desde meados do século XX, vêm tentando compreender os seres humanos e tratar seus males.  Mas, o grande interesse que despertou a atenção desses pesquisadores, foi a forma como alguns doentes mentais (paranóicos, neuróticos e esquizofrêncos) expressavam suas personalidades através dos recursos artísticos. 

Os estudiosos observaram que nos trabalhos dos esquizofrênicos, quase sempre, havia a ausência da figura humana, de animais e plantas mas,  tinham abstrações, estilizações e geometrismos. Para entender porque isto acontecia precisavam compreender como e porque se expressavam dessa maneira. 

E descobriram que os doentes mentais tinham uma grande dificuldade em organizar os sentimentos e de compreender acontecimentos internos e externos.  Descobriram também que a angústia e a ansiedade que sentiam por não poderem organizar esses acontecimentos os deixavam agitados e nervosos. Mas, utilizando as abstrações e o geometrismo se acalmavam e tentavam organizar seus conflitos.

Segundo o ponto de vista psicanalítico, os doentes mentais ao se expressarem dessa forma, colocavam para fora o caos originário de pulsões inconscientes. Por isso, chegavam à consciência como uma forma primitiva, deformada e disfarçada por mecanismos de defesa. Significavam forças inconscientes e se apresentavam de forma desestruturada, recheadas de motivos mitológicos típicos da imaginação e das diversas culturas.

Por outro lado, a Psicologia Analítica acreditava que essas obras tinham outros desdobramentos. Esses trabalhos permitiam que os doentes se libertassem dos ressentimentos inconscientes dos mundos arcaiscos, das estruturas cristalizadas de pensamentos, das emoções e  impulsos.

Descontando-se os exageros desses pontos de vista,  quando a expressão é livre, a arte permite um espaço de liberdade expressiva que transforma o sujeito, que o recria,  que o educa e que o coloca na realidade de uma forma nova. A arte é, portanto, um facilitador da organização interna e, ao mesmo tempo, permite que o sujeito compreenda a realidade.

A arte é expressâo. E expressão é sentimento. O cliente da arte-terapia não faz Arte. Mas, o que faz tem sentido, tem significado e tem emoção. E é aí que reside o valor terapêutico da Arte.

fonte:
apontamentos de aula de "Terapias Expressivas", do prof Liomar Quinto de Andrade

domingo, 26 de fevereiro de 2012

A CONSCIÊNCIA


A consciência é a menor parte da psique. Como já comparava Jung, a consciência emerge no inconsciente como uma ilha desponta no oceano. E nesse pequeno espaço está tudo o que conhecemos.

Estrutura-se a partir das histórias que ouvimos, que vivemos ou participamos. A consciência as recebe, as seleciona  e as estrutura. Mas, essa organização  não é homogênea. Na seleção, a consciência rejeita mais do que guarda. 

únicos na multidão

Também estabelece competências que são as regras sociais. Mas, atrás de todas as regras está a nossa vontade. E é essa vontade que nos faz aceitar os valores sociais porque desejamos ser aceitos, valorizados e respeitados como seres coletivos, mas ela também nos faz desejar que sejamos únicos e diferentes dos demais, como seres individuais. E é isto que nos diferencia uns dos outros.

Desta maneira, a consciência possui um espaço que não aceita facilmente as novidades, pois para ela, tudo precisa de um nome, um jeito, um rótulo. Por isto também, agimos de formas diferentes. Uns são mais “extrovertidos”, voltados para fora de si mesmos, suas relações estão além de si mesmo, voltadas para os outros e para o mundo. Outros são mais “introvertidos”, centrados em si mesmos. Sua relação refere-se a si próprios e vê o mundo de acordo com o seu ponto de vista.

introvertido - extrovertido

E para que possamos tomar ciência das coisas e e de nós mesmos, a consciência desempenha 4 funções importantes e denominadas por Jung como “tipos psicológicos”. São elas: o pensamento, o sentimento, a sensação e a intuição.   As duas primeiras são mais racionais, enquanto as duas outras são mais irracionais.

Esses tipos psicológicos têm a capacidade de definir, conceituar, classificar, diversificar, raciocinar, analisar, julgar e tomar decisões sendo que o “pensamento” é baseadas na lógica racional. Tudo tem um “por quê que o direciona para perceber e entender os outros e o mundo enquanto que o “sentimento” julga e decide direcionado por um sistema de valores baseados nos afetos e nas emoções. A “sensação” julga e decide baseada nas percepções sensoriais, enquanto que a “intuição” é mais abstrata e voltada para os pressentimentos

Esses tipos funcionam em pares opostos.  Suas combinações possíveis são múltiplas e variadas. Um tipo é dominante e o outro é auxiliar. Os restantes atuam como complementos.  Dessa maneira, uma pessoa cujo “pensamento” é o dominante tem comportamentos que são diametralmente opostos aos da pessoa que tem a “sensação” como tipo dominante. Da mesma forma a “intuição” é o oposto do “sentimento”.

Todo esse conjunto atua nos indivíduos formando os vários tipos de personalidades. Por isso, elas são tão complexas.

FONTE:
FUNDAMENTOS DA TEORIA jUNGUIANA - apontamentos de aula.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

MOSAICO COMO MEIO DE ESTIMULAÇÃO DE APRENDIZAGENS

Os mosaicos são excelentes técnicas de estimulação das aprendizagens porque desenvolvem a imaginação, a criatividade, além de trabalhar a coordenação motora fina e as habilidades manuais (que vão desde a preensão até os movimentos mais sutis e complexos realizados pelas mãos e braços). 

Como técnica aliada às aprendizagens escolares  serve para a realização de várias atividades como a de nomeação dos objetos contidos no desenho (que pode ser oferecido pelos adultos como releitura de alguma obra importante, um desenho comum ou criados pelas crianças e jovens), para formação de frases e produção de texto sobre o resultado final. 

Ainda com os mosaicos, pode-se trabalhar a paciência, a perseverança no trabalho,  descobrir e avaliar pessoas com ansiedade.

RELEITURA DA OBRA DE ALDEMIR MARTINS (pintor brasileiro).



MOSAICO EM E.V.A, CRIADOS POR CRIANÇAS.
 

UMA OUTRA FORMA DE MOSAICO, FEITA COM BOLINHAS DE PAPEL CREPOM. Este trabalho contou com a colaboração de todos os alunos em atendimento. Cada um doou 5 minutos do seu tempo de atendimento para realizarem a colagem ds bolinhas. O resultado do trabalho coletivo ficou muito bom.

OUTROS TRABALHOS EM MOSAICOS DIFERENCIADOS, REALIZADOS EM PEQUENOS GRUPOS.:

"O Pierrô"

 
máscaras de carnaval

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

MOSAICO

O mosaico é uma técnica de origem alemã, também chamada de “arte musiva” que  consiste na colagem de pequenas peças cnamadas “tesselas”, preenchendo um determinado desenho.

As peças podem ser: cascalhos de mármore e de granito, pedras semi-preciosas,  pedaços de azulejo, pastilhas de vidro, areia, conchas, grãos, plásticos, emborrachados,  papel ou outro material qualquer dependendo do que se quer fazer.

Esta forma de arte serve ainda para cobrir superfícies planas como pisos e paredes na decoração de ambientes internos ou externos.

O mosaico é uma forma de arte milenar, cuja origem data de 1438 da era de apogeu greco-romano.  Nos dias de hoje, surge como uma técnica diferente ou como uma opção interessante de se fazer arte. Mas, é uma técnica que requer paciência e perseverança. 

Nos dias de hoje, os grandes nomes desta técnica são: 


MARCELO DE MELO 
(Brasil)

  
 



SONIA KING 
(EUA) 






EMMA BIGGS 
(Reino Unido)



 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

BRICOLAGEM

A bricolagem é uma técnica de colagem de vários materiais, como por exemplo, areia, terra, grãos, apara de lápis, rolinhos de papel feitos com jornal ou revistas, madeiras  (palitos de sorvete, de aperitivo, garfinhos de madeira etc) e tudo o mais que se inventar. Pode-se fazer trabalhos muito criativos com esta técnica. Para utilizá-la basta o material e cola líquida branca. Para materiais de metal é preciso utilizar cola mais resistente.

Os trabalhos que apresento foram realizados com crianças de 9 a 12 anos e em atendimento. Entre elas, muitos deficientes intelectuais.



material: rolinhos de folhas coloridas de revista feitos pelas próprias crianças. 



material: aparas de lápis

 

                                              material: forminhas de doce, 
                                              papel e palitos de fósforos


material: lantejoulas, formas de docinhos picada, raspas de lápis,folhas 
de revista e palitos de fósforos

  
 MAIS TRABALHOS DE BRICOLAGEM NA BARRA LATERAL

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

GENTE MUITO ESPECIAL

Essa gente muito especial de quem trato nesta postagem, são os meus "pimpolhos" do atendimento. São constituídos (em sua maioria) de crianças sem deficiências que, devido a problemas familiares (ou educacionais) estão encontrando dificuldades em alguma(s) disciplina(s) da escola. Mas, tem ainda os que são "especialmente especiais", isto é, crianças e jovens deficientes intelectuais, com paralisia cerebral ou autistas.

Para uns ou para os outros, meu trabalho é uma forma de reabilitação com o objetivo de alcançar um nível melhor tanto físico, como mental e social, proporcionando os meios para que possam tomar consciência do problema que estão vivenciando, para modificar suas próprias vidas para que possam voltar a se inserir ou resgatar o tempo perdido e voltarem a se sentirem capazes de produzir e confiantes por se sentirem úteis.

Cada criança ou jovem é um universo diferente. Uma mesma dificuldade tem  múltiplas e complexas faces. Um mesmo signo pode ter vários significados. Uma mesma atividade, uma série de trabalhos a serem realizados. 

Tanto na Psicopedagogia quanto na Arte-Terapia é preciso "desenvolver o olhar". 


È preciso transformar o olhar que vê num olhar diferenciado, que vê além do que é visto, do óbvio, do expresso. Ter um olhar diferenciado é ter um olhar que analisa, que relaciona signos, símbolos e significados, que formula hipóteses para a compreensão do sujeito por inteiro, que define metas e estipula caminhos a serem percorridos, que procura estratégias e os meios para conhecer, conscientizar e transformar os sujeitos. Com certeza, não é uma tarefa fácil, mas com treino e boa vontade se consegue.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

BREVE HISTÓRICO DA ARTE-TERAPIA


A utilização dos recursos  artísticos com finalidades terapêuticas data dos anos iniciais do seculo XIX, e seu precursor foi Johann Christian Reil, contemporâneo de Pinel. De nacionalidade alemã e médico, estabeleceu um projeto terapêutico em psiquiatriamque incluía o uso de sons, textos e desenhos como formas de comunicação com os conteúdos internos de seus pacientes.
Mais tarde, Carl Gustav Jung utilizou os recursos artísticos, relacionando as Artes e a Psiquiatria, trabalhando o “fazer artístico” como forma de atividade criativa e integradora da personalidade de seus pacientes.

"Arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é vida" (Jung, 1920).

Em 1914, o mundo era bem diferente do que é hoje. A educação tinha práticas ortodoxas, Florence Cane e Margareth Naumberg eram irmãs, moravam nos Estados Unidos da América e possuiam tradição judaica. Florence era meio revolucionária e contrária ás práticas educativas da pedagogia existente. Por isso, inventou uma escola revolucionária e moderna fora dos padrões americanos costumeiros, pois trabalhava com recursos expressivos e artísticosMargareth criticava os métodos da irmã porque estava envolvida com a questão do tratamento de pacientes. Apesar de tudo, Florence convidou Margareth para trabalharem juntas. O sucesso da escola e do aprendizado foi grande e Margareth passou a concordar com Florence.


Em 1958, a alemã Edith Kramer foi criada segundo os preceitos de seu país e residia nos EUA como imigrante. Sua família trabalhava com a psicanálise de Freud. Nos EUA, Edith trabalhou com imigrantes e filhos de imigrantes que formavam gangs e não conseguiam se adaptar naquela sociedade. Edith também trabalhava com recursos expressivos e artisticos. Houve muitas divergências entre Edith e Margareth Naumberg devido as interpretações psicanalíticas que Edith fazia, mas que obtinha muito sucesso. Margareth não fazia, nem concordava.




Em 1973, Janie Rhyne tinha formação em Gestalt Terapia, estudava as artes e seus benefícios para as pessoas e trabalhava com arte-terapia com base na Gestalt.


Em 1974, Natalie Rogers (filha de Carl Rogers) desenvolveu um trabalho denominado “Conexão Criativa” como forma de aconselhamento, tendo um referencial filosófico humanista. Nesse aconselhamento utiliza recursos expressivos. Mas, ainda não era a Arte-Terapia, mas Terapias Expressivas.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

O INCONSCIENTE PESSOAL

Lembrando: o inconsciente é formado pelo inconsciente coletivo e pelo inconsciente pessoal. Este, localiza-se na periferia do inconsciente e na vizinhança da consciência.


inconsciente coletivo
inconsciente pessoal
consciente

Nosso ego faz uma triagem de nossas lembranças de nossa memória e das experiências que vivenciamos. Nessa triagem, o ego pode aprova-las ou rejeitá-las. Uma lembrança desagradável ou uma experiência que não foi muito boa pode ser julgada e considerada pelo ego como esquecida. Um conflito pessoal ou moral que nos faz sofrer, pode ser considerado como “rejeitado”, pois nossa memória não conseguiria guardar tantas lembranças

E para onde vão todos estes conteúdos? Para o inconsciente pessoal, é claro. Assim, o inconsciente pessoal (ou individual) se torna um excelente banco de dados, uma espécie de “arquivo morto” da nossa memória. Os conteúdos ficam lá quietinhos e escondidinhos até que um fato qualquer nos faça lembrar deles.

Mas, o inconsciente pessoal não guarda só o que é ruim ou o que nos faz sofrer. Ele guarda também coisas boas que esquecemos com o tempo.

Guarda também algumas de nossas qualidades, “aquelas” que não queremos mostrar a ninguém. Por exemplo, um criminoso muito mau e perverso guarda  no seu inconsciente pessoal a bondade e a ternura porque, para ele, essas qualidades são sinais de “fraqueza”. E embora ele as esconda bem escondido, há sempre um momento em sua vida em que elas se revelam.  Isto porque basta um simples pensamento ou um fato qualquer que se ligue a elas e as traga de volta à consciência.

 um aglomerado ou complexo

No inconsciente pessoal estão ainda algumas percepções que não nos demos conta, além de alguns sentimentos, emoções, pensamentos com grande apelo afetivo e que não condizem com as atitudes conscientes.  Todos esses conteúdos se juntam e formam um aglomerado de pouca expressão. Jung os chamou de “complexos”.


Mas, ao se formarem, as experiências significativas desses conteúdos atraem um arquétipo que passa a ser o centro desse complexo, 
 
O arquétipo carrega esse aglomerado de forte carga de energia na tentativa de voltar à consciência. Desta forma, os complexos constituem pequenas personalidades com independência própria. Embora estejam separados da personalidade total dos indivíduos, atuam sobre ela com força instintiva. Como fazem isso? 
Quando uma experiência, sentimento ou um pensamento qualquer se ligar a um complexo, aciona o arquétipo. Este, se enche de energia, ganha força própria e entra na consciência de tal forma que passa a controlar nossos pensamentos e comportamentos.
Um complexo não é, necessariamente, ruim. Embora ele traga um certo desequilíbrio para as pessoas, como por exemplo, “perder a cabeça”, “sair do sério”, “agir sem pensar” num momento de nervosismo ou de ira. Mas, também pode uma fonte de inspiração para uma série de situações como por exemplo nas manifestações artísticas.

Fontes:
JUNG, C.G. “Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo”. Editora Vozes, SP

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

FAMOSOS DA COLAGEM

PICASSO


MAGRITTE



MIRÓ

 

 

TANGUY

 

 

QUALQUER OBRA DESSES ARTISTAS... DISPENSA ARGUMENTOS.